A saúde pública de Praia Grande, mais uma vez, mostra sua face mais cruel e desumana. Gilvanira Maria da Costa, uma dona de casa de 56 anos, está há mais de sete semanas aguardando por um tratamento odontológico, enquanto as autoridades municipais oferecem desculpas esfarrapadas e soluções paliativas que beiram o absurdo. A matéria publicada pelo jornal A Tribuna evidencia um cenário de total negligência e descaso por parte da administração pública local, que, mesmo diante do sofrimento evidente da cidadã, não conseguiu oferecer um atendimento adequado e tempestivo.

pessoal e Divulgação/Prefeitura de Praia Grande)
O que mais revolta é a sequência de erros e omissões que marcaram o caso. Desde junho, quando as dores de Gilvanira começaram, ela enfrenta uma via-crúcis pelo sistema de saúde municipal. Inicialmente, sua consulta marcada na Unidade de Saúde da Família (Usafa) Caiçara foi cancelada sem maiores explicações. A partir daí, começou uma jornada angustiante de idas e vindas entre unidades de saúde, cada vez mais desacreditada no serviço público que deveria protegê-la.
Na tentativa desesperada de encontrar alívio, Gilvanira chegou a ser atendida no Pronto-Socorro do bairro Guilhermina, onde a situação tomou contornos ainda mais bizarros. Segundo relato de seu marido, Mauro Cassemiro, a dentista responsável não utilizou anestesia, submetendo Gilvanira a um procedimento doloroso e mal executado. O resultado? Mais sofrimento, mais dores, e uma completa falta de solução para o problema.
Essa sequência de atendimentos precários e a total falta de planejamento por parte da Prefeitura de Praia Grande são inaceitáveis. É inadmissível que uma cidade com os recursos e a infraestrutura de Praia Grande, que tanto se orgulha de ser um dos maiores polos turísticos do litoral paulista, não consiga garantir um serviço básico e essencial como o atendimento odontológico. Pior ainda, a desculpa oferecida pela Secretaria de Saúde de que a Usafa Caiçara está “temporariamente sem dentista” e que, por isso, é necessário aguardar, revela um desprezo chocante pela vida e bem-estar dos cidadãos.
A solução proposta de que a paciente poderia se dirigir à UPA Samambaia ou ao Pronto-Socorro Central é, no mínimo, irônica, dado que foi justamente em um desses locais que ela recebeu o atendimento inadequado, sem anestesia, que agravou ainda mais sua situação. A resposta da prefeitura, que oferece um telefone para que os pacientes possam “acompanhar sua posição na fila”, só serve para aumentar a indignação. Como se a consulta à lista de espera pudesse aliviar a dor ou trazer o atendimento necessário.
Este caso, relatado em detalhes por A Tribuna, é um reflexo da incompetência e ineficiência da gestão pública atual de Praia Grande. É inadmissível que, em pleno século XXI, cidadãos sejam submetidos a tanto sofrimento e desamparo em um sistema de saúde que deveria ser eficiente e humanizado. A administração municipal precisa, urgentemente, rever suas políticas e assumir suas responsabilidades, garantindo que todos os moradores de Praia Grande tenham acesso digno e adequado aos serviços de saúde. Caso contrário, situações como a de Gilvanira continuarão a manchar a reputação da cidade e a prejudicar, de forma irreparável, a vida de seus cidadãos.